Regina Lúcia Azevedo, diretora do média metragem Os Anseios das Cunhãs (20 a 30 de julho/2014), me convidou para participar das filmagens como treinadora de elenco. Fizemos três dias intensivos de oficinas baseados em esquizodrama, processo imersivo, trabalho de texto e voz na Casa do Cinema em Manaus. Foi muito bacana conhecer as pessoas, as cunhãs locais e de outros lugares como de Fortaleza.
Também fizemos contato com as Amazonas da APAM (Associação das Prostitutas da Amazônia)
Reportagens e links
Começam as filmagens do curta amazonense os anseios das cunhãs
Essa mesa foi com Davi Kopenawa, seu filho Darios Kopenawa, Claudia Andujar, Lucio Agra no multitude no Sesc Pompéia, foi muito emocionante estar numa mesa com o Davi, eu fiquei emocionada mesmo, teve uma hora que eu até tive que sair da sala pra conter o choro, porque eu acho que entendo o peso de um guardião da floresta. Ele falou sobre seu livro Falling Sky, que eu estou lendo e é maravilhoso, uma voz que tem que ser mesmo ouvida. Seu filho falou sobre a questão territorial Yanomami, e sobre as lutas que estão sendo travadas na floresta pra protegê-la contra o avanço civilizatório. Claudia mostrou fotos impressionantes sobre o xamanismo yanomami e Davi comentou uma por uma, e por fim eu falei de algo mais tecnoxamânico, tentando aproximar o indio e o pirata, o Davi Kopenawa do Peter Sunde do Piratebay. Lucio Agra ficou fazendo a intermediação disso tudo. Foi bem bacana,
Nos primeiros dias levei um susto com o caráter pró ativo dos artistas-hackers, eletrônicos, trabalhando em grande parte de graça pra levantar uma exposição grandiosa como a do transmediale. Não entendi nada. Uma correria, nada colaborativo, e com o organizador que cuidava das coisas todo afetado, rapidinho, sem tempo, guardando poder, não disponibilizando o material,.
Achei um ambiente frio, gélido, onde os participantes ao invés de serem bem tratados eram tidos como operários. E eram. Cada um tinha um tempo mínimo para mostrar o seu trabalho e dizer a que vieram. O que me surpreendeu é que pensei que seria um ambiente colaborativo, que a exposição ia fazer parte do processo, que as pessoas iriam interagir entre projetos, que seria um ambiente de criação, mas era só um ambiente de exibição de habilidades, sem nenhum espaço para a troca de conhecimentos, ou aprofundamento de linguagens.
Esse vídeo mostra bem o modo como eu estava me sentindo: confusa e sem saber direito do que se tratava tudo aquilo, para mim não fazia sentido algum : https://vimeo.com/85422400
A gente fez quase tudo errado, um pouco pela dificuldade da língua, outro porque nosso trabalho não dialogava com o espaço, mas em grande medida porque não conseguiram a caixa de papelão que nós pedimos com quase um mês de antecedência, porque queríamos fazer uma espécie de vôos espaciais na caixa. Enfim. De modo que passamos os dois dias que todo mundo trabalhava feito doidos nos seus projetos praticamente trazidos prontos de casa, tentando readaptar nossa situação, e acabamos no dia da exposição, conseguindo fazer um cubo preto com uma televisão dentro.
Chamamos o Cubo Preto de Caixa de Xawara, porque ela representou o lugar que absorvia a fumaça invisível daquele evento, que era o lugar que representava a doença daquele evento. Na Caixa de Xawara aconteceram duas performances…
Afora isso, ficava passando um vídeo com imagens da Terra, da multidão do Lucas, de um vídeo da Serra Pelada que eu fiz, para identificar a questão da Xawara, e um vídeo que o Bambozzi fez do Felipe Ribeiro extraindo o som dos ferros e da armação metálica da arquitetura da expo.
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Enquanto passava essa fase crítica do Hackday, com alguns transtornos de comunicação e com os afetos um pouco exaltados, o Transmediale, já estava acontecendo, com milhares de pessoas, dezenas de palestras, apresentações, debates, vídeos, filmes, projetos interativos. O tema Afterglow sendo discutido das mais diversas formas.
Nós também tínhamos uma palestra para dar, chamada: Micropolitics of the post digital from street protests to transitional spaces in Brazil, onde Lucas Bambozzi, Marcus Bastos, Adriano Belisiário, Fabiane Borges (eu) falamos cada um sob um ponto de vista sobre nosso trabalho e as questões políticas atuais do Brasil. Karla Brunet comentou as palestras, e Oliver Lerone Schultz foi o mediador.
A mesa foi bem aceita, mas sempre na correria, não dando tempo para as perguntas e comentários do público.
Demoro a entender a eficiência desse tipo de eventos grandes, que não se tem tempo para uma troca real com as pessoas, e que mal dá tempo de conhecer os companheiros. Com tanto público, parece ser algo de mostrar a tendência em arte e tecnologia, mas que não tem compromisso com os processos de criação, que dentro da cultura dos hacklabs são a coisa mais importante. Isso sugeriu uma série de pensamentos, discussões e questões entre nosso grupo, mas que vou escrever num outro momento, de outra forma.
Agradecimento a Polo Rafael que nos ajudou no processo e na crise, e Felipe Ribeiro, que além de compor uma ópera do metal, colaborou com o grupo durante todo período do hackday. Aqui: https://soundcloud.com/itinensanzen/trashuremountain
A entrevista que Victoria Sinclair fez com a Metasubcibertrans está passando no festival
Pixelache na Noruega… Isso é uma delícia, porque querendo eu estar lá para ver os amigos e não podendo ir,
fui representada pelo vídeo, que está passando num monitor de tv. Delícia, agradeço aqui a Felipe Fonseca que fez toda a mão, e mandou as fotinhos!! Para mais notícias do Pixelache aqui: http://www.pixelache.ac/festival-2013/bricolabs-programme/
Participei da Mostra Olho da Rua, organizado por Túlio Tavares na Galeria Olido em 2009 – Foi sobre nossos trabalhos relativos ao centro de São Paulo, visando principalmente os moradores de rua, sem tetos, e os processos de gentrificação – Meu trabalho foi apresentar alguns vídeos dos catadores de histórias, assim como colocar pedaços de textos do meu livro “Domínios do Demasiado” Para ver toda a exposição, aqui: http://olhodarua2009.wordpress.com/